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Quinta, 06 de Novembro de 2025

Rádio pode ampliar força no digital com podcasts locais; comunicadores e conteúdo regional ganham destaque

Iniciativa passa diretamente pela adequação do conteúdo gerado pelas rádios para a entrega digital, com os comunicadores ganhando ainda mais importância no processo

produção de podcasts com foco local vem sendo apontada como uma das maiores oportunidades para emissoras de rádio expandirem seu alcance e receita no ambiente digital. O aproveitamento do comunicador regional, da audiência fiel e da força comercial local são vistos como diferenciais importantes nesse processo, conforme afirmam executivos e consultores do setor. O assunto repercutiu na mídia especializada norte-americana após ser debatido no NAB Show New York, sendo importante inclusive para radiodifusores brasileiros, já que a inclusão no mundo dos podcasts não parece ser algo tão simples na prática, apesar de o formato ser bem conhecido por quem faz rádio.

Comunicadores são influenciadores de credibilidade

Conhecidos do público e ligados à marca de rádio onde atuam, os comunicadores são encarados como peças centrais nas estratégias das emissoras de rádio. E, a partir do conteúdo gerado por eles nas emissoras, é possível expandir esse potencial em canais sociais e também em formatos como os podcasts. Eles podem ter seu conteúdo já existente ampliado com o on-demand e utilizar os canais sociais próprios e das emissoras para aumentar o engajamento do público com esse conteúdo digital e também com outras entregas feitas pelas emissoras, inclusive no ar (dial e streaming).

Esse movimento tem ganhado força em todo o mundo. É comum o uso da imagem dos comunicadores em campanhas de divulgação das emissoras, a exemplo do que foi visto na Europa pelo tudoradio.com, durante o IBC2025. Esses comunicadores estão no ar ao vivo, geram conteúdo on-demand e ainda aparecem como peças fundamentais na atração de ouvintes para as emissoras. Associações estaduais no Brasil, como a AERP, passaram a indicar essa necessidade de destacar a posição dos comunicadores de rádio como “influenciadores com credibilidade”.

Esse cenário é reforçado pela análise feita por especialistas em programação de rádio dos EUA, conforme repercutido ontem (5) pelo tudoradio.com, onde foi destacada a importância de preservar comunicadores no ar, ressaltando que personalidade, autenticidade e conexão humana são os principais diferenciais competitivos do rádio. O alerta foi feito durante o CRS360 Audio Avengers: Radio Superpower Is Talent, encontro que reuniu vozes influentes do setor norte-americano para debater o papel essencial dos locutores na manutenção da relevância do meio.

A discussão no NAB Show NY sobre podcasts e conteúdos locais

De acordo com a reportagem veiculada pelo portal Inside Radio, o consultor Steve Goldstein, fundador da Amplifi Media e ex-executivo da Saga Communications, reforça que as emissoras já possuem vantagens importantes para atuar nesse mercado. “Elas já têm marcas estabelecidas, talentos reconhecidos, estrutura de produção e força promocional. É um enorme ponto de partida.”

Um primeiro passo, segundo Goldstein, está no reaproveitamento do conteúdo já produzido para a programação tradicional. “Selecione o melhor material, edite com cuidado e publique em plataformas de fácil acesso. Conteúdo sob demanda funciona quando é bem curado, organizado e fácil de encontrar.” A recomendação tem como base dados que mostram que cerca de 86% do conteúdo veiculado nos programas matinais é perdido diariamente pelos ouvintes, segundo levantamento da própria Amplifi Media em sete grandes estações dos EUA.

Mas o maior potencial está na criação de conteúdos sob demanda com foco original e local. “As pessoas se importam profundamente com o que acontece em suas comunidades. Quase ninguém está entregando isso de forma consistente e moderna em áudio”, destaca Goldstein.

“Essa é uma oportunidade para todos nós”, afirmou Jeremy Sinon, vice-presidente de Estratégia Digital do grupo norte-americano Hubbard Radio, durante participação em painel no NAB Show New York. A empresa é considerada uma referência na criação de conteúdos originais para podcast em suas praças locais.

Hubbard vem apostando nesse caminho há mais de uma década. A estratégia envolve desde produções derivadas da programação do rádio até a criação de novos formatos. Um dos principais exemplos é o “Purple Daily”, podcast dedicado ao time de futebol americano Minnesota Vikings, comandado por apresentadores locais com histórico na cobertura esportiva. O programa soma mais de 250 mil ouvintes mensais e cerca de 920 mil downloads mensais, de acordo com a empresa.

A marca faz parte da plataforma Skor North, criada inicialmente como estação AM e que ganhou maior visibilidade após se consolidar como produtora digital de conteúdo. “Em vez de brigar por espaço no AM, criamos podcasts e vimos a audiência crescer”, afirmou Sinon. Hoje, a Skor North conta com cerca de 12 podcasts ativos, todos com foco esportivo e voltados para equipes locais como Twins, Timberwolves, Minnesota Wild e Minnesota Gophers.

Mas o universo de possibilidades vai além do esporte. Podcasts como “Professor Of Rock”, que apresenta histórias por trás de clássicos do rock, também se destacam. O programa, comandado por Adam Reader, atrai uma média mensal de 110 mil downloads e 34 mil ouvintes.

Outras produções da Hubbard nasceram de projetos pessoais de locutores da casa, com temas como culinária, jardinagem, estilo de vida, negócios e cultura comunitária. “As vozes locais são o conteúdo local. O ponto de partida está no público que já acompanha essas pessoas no rádio”, destaca Sinon.

Comercialização exige adaptação de equipes e anunciantes

Embora o conteúdo esteja consolidado, transformar a operação comercial do rádio para o universo dos podcasts ainda exige ajustes. Sinon reconhece que a mudança passa por treinamento interno e também por uma mudança de mentalidade nos anunciantes. “No começo, um cliente chegou a perguntar ‘em que horário o podcast vai ao ar?’”, relembra.

Hoje, com o amadurecimento do projeto, a realidade é diferente. “Virou uma engrenagem. Os vendedores sabem exatamente como apresentar o produto e o mercado já compreende seu valor”, explica. Segundo a emissora, boa parte dos anunciantes nos podcasts não são os mesmos do meio rádio, ampliando as possibilidades comerciais.

Goldstein acrescenta que os podcasts possibilitam acesso a um público mais jovem e responsivo — com idade média de 34 anos — e com maior apelo para marcas de segmentos que nem sempre investem no rádio tradicional. Entre eles estão empresas de tecnologia, serviços financeiros, bem-estar, consumo direto e marcas digitais locais.

A Hubbard também passou a reunir seus conteúdos em uma rede chamada Gamut Podcast Network, com o objetivo de ampliar o alcance nacional e fortalecer suas operações regionais. Além disso, o YouTube passou a fazer parte da estratégia da companhia. “Hoje, para muitas pessoas, podcast é vídeo. E estar no YouTube expande muito o alcance, principalmente entre quem não sintoniza rádio há anos”, aponta Goldstein.

Com isso, a emissora aproveita o alcance promocional do rádio para atrair novos públicos no digital. “Temos grandes microfones — não apenas no broadcast, mas também no universo dos podcasts. A chave é usar essa audiência e crescer a partir dela”, conclui Sinon.

E por qual razão olhar para lá fora?

tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.

Com informações do portal Inside Audio

Fonte: Tudo Rádio
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