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Quinta, 28 de Novembro de 2024

Engenheiro da NAB reforça a importância dos metadados e RDS para emissoras de rádio

David Layer, nome conhecido dos brasileiros, segue destacando a importância de utilizar a tecnologia já disponível para melhorar a experiência do ouvinte

Em entrevista ao portal norte-americano RadioWorld, David Layer, engenheiro da National Association of Broadcasters (NAB), enfatizou o uso adequado de metadados pelas emissoras de rádio, especialmente nas transmissões FM e em estações tradutoras nos Estados Unidos. Segundo ele, os metadados desempenham um papel crucial para assegurar uma experiência de qualidade para os ouvintes em veículos modernos, que utilizam interfaces digitais para exibir listas de estações. Esses apelos estão alinhados à cobertura realizada pelo tudoradio.com no Brasil, onde o portal tem destacado a evolução dos receptores FM, evidenciando a importância do uso correto do RDS (Radio Data System) e de metadados no streaming de áudio.  

Atualmente, os EUA contam com quase tantas estações tradutoras licenciadas quanto estações de serviço completo: 8.906 tradutoras contra aproximadamente 11 mil estações completas, de acordo com dados de junho de 2024. Apesar disso, as estações tradutoras são menos propensas a transmitir metadados. Layer salientou que essa lacuna afeta negativamente a forma como as emissoras aparecem nas interfaces digitais dos veículos, prejudicando a visibilidade de seus sinais. "Os ouvintes e os rádios não distinguem entre sinais de serviço completo e tradutores, então é importante que todos incluam metadados", destacou o engenheiro.  

No Brasil, não há o formato de estações tradutoras, mas começam a surgir estações complementares. No entanto, mesmo as estações principais não utilizam metadados ou RDS em alguns casos, deixando a experiência do ouvinte incompleta em receptores cada vez mais modernos, sejam automotivos, smartphones com FM ou plataformas de streaming de rádio. Em resumo, o alerta também se aplica ao mercado nacional, como o próprio tudoradio.com tem enfatizado por meio de matérias especiais.  

Metadados: como utilizá-los de forma eficaz  

Um dos pontos destacados por Layer foi o uso do campo Program Service (PS) no sistema RDS, que permite transmitir informações como o nome da estação, URLs ou slogans. Contudo, ele advertiu que esses dados devem ser limitados a oito caracteres para garantir exibição adequada em painéis digitais. Ele apresentou o exemplo do Chevy Bolt 2023, que utiliza o campo PS para criar listas de estações no rádio. Algumas emissoras transmitem informações estáticas, como nomes ou URLs, enquanto outras adotam o método de scrolling PS, exibindo mensagens mais longas, como títulos de músicas e artistas, de forma contínua ou segmentada.  

Embora o scrolling PS tenha sido popular nos anos 2000, Layer observou que ele pode gerar resultados imprevisíveis em painéis digitais modernos. No exemplo do Chevy Bolt, as estações que usam o método acabam aparecendo de forma inconsistente nas listas. “Para garantir uma boa apresentação, os radiodifusores devem optar por transmitir uma mensagem PS estática com até oito caracteres”, recomendou.  

Essa mesma recomendação foi feita pelo tudoradio.com no início do mês, utilizando como referência os novos receptores de rádio da BYD. O portal mostrou que emissoras que utilizam textos mais longos no PS tinham seus nomes exibidos de forma incoerente. Por exemplo, números de WhatsApp eram exibidos como nomes das rádios. No caso da BYD, qualquer dado do PS substitui a frequência da rádio no display, reforçando a recomendação de adotar o nome da emissora em até oito caracteres estáticos no PS.  


Novo receptor multimídia da marca BYD no Brasil. Uso do PS do RDS sem o nome causa confusão sobre qual é a emissora / crédito: tudoradio.com

Além disso, Layer sugeriu que emissoras FM considerem o uso do RDS RadioText+, que melhora a compatibilidade com receptores de modelos mais recentes, como os da Toyota. No Brasil, o RadioText+ ainda é pouco explorado, e em mercados como São Paulo ou Rio de Janeiro, não há registros de emissoras utilizando a função. Já o tradicional RadioText padrão de 64 caracteres, tem um uso um pouco mais difundido por aqui, ele que já pode oferecer mensagens mais detalhadas e diversas ao ouvinte, não tendo a mesma limitação da recomendação feita ao PS. 

Recursos para emissoras e melhores práticas  

Layer destacou o NAB Digital Dashboard Best Practices Report, atualizado pela NAB no final de 2023, como um recurso essencial para radiodifusores. O relatório aborda as melhores práticas para o gerenciamento de metadados e como otimizar sua transmissão. Ele também recomendou que emissoras colaborem com fornecedores de equipamentos, como sistemas de playout, processadores de áudio e codificadores RDS, para garantir uma implementação eficaz em toda a cadeia de transmissão.  

No caso do tudoradio.com, o apelo também se estende às aplicações conectadas, como agregadores de rádios ao vivo, incluindo o APP Tudo Rádio, que exibe informações em texto sobre o conteúdo em execução pelas emissoras. Essa funcionalidade, apelidada pelos ouvintes de “RDS do Streaming”, foi expandida desde o lançamento do novo aplicativo em 2023, impactando a experiência tanto em veículos quanto em smartphones.  

Outra sugestão de Layer foi a participação das emissoras no processo de integração do portal DTS AutoStage, que oferece insights analíticos sobre o comportamento dos ouvintes e ajuda a melhorar a experiência com metadados. Segundo Layer, esses dados são úteis tanto para otimizar a apresentação da estação nos painéis dos veículos quanto para obter informações estratégicas sobre o público.  

Erros comuns e oportunidades perdidas  

Entre os erros mais comuns, Layer apontou a negligência na transmissão de metadados, considerada uma das maiores falhas das emissoras. “Com veículos modernos e interfaces baseadas em tela, o rádio precisa parecer tão bom quanto soa. Ignorar os metadados é perder uma grande oportunidade de promover sua marca e atrair ouvintes”, afirmou.  

Layer recomendou que as emissoras realizem verificações regulares para avaliar como suas informações são exibidas em painéis de veículos, tanto em receptores analógicos quanto digitais, permitindo ajustes para garantir uma exibição otimizada.  

Por fim, o engenheiro reforçou que o uso de metadados vai além de uma necessidade técnica: é uma ferramenta estratégica para destacar o rádio no competitivo cenário digital. “Metadados são fundamentais para o futuro do rádio. Eles conectam a qualidade do áudio à experiência visual que os ouvintes esperam hoje em dia”, concluiu.  

RDS: É oportunidade, não obstáculo

Como o tudoradio.com já destacou anteriormente, se o radiodifusor achar esse cenário complicado e preferir não contar com o RDS, talvez esse seja o pior cenário. Comparado a outras FMs, sua emissora pode parecer tecnicamente inferior. Pior: pode dar a impressão de que o rádio é tecnologicamente ultrapassado em relação a uma plataforma de música, que explora bem todos os seus metadados de texto disponíveis, mesmo em conexões mais simples de Bluetooth. E mais: pode deixar de explorar os recursos que os receptores estão investindo. Em casos mais drásticos, já existem rádios FM que não listam sinais em FM sem RDS, e alguns sistemas as colocam no fim da lista.

De qualquer forma, esse cenário é encarado como uma oportunidade para os radiodifusores. O ecossistema está evoluindo e segue carregando o rádio e suas tecnologias já existentes, mesmo para transmissões analógicas, como é o caso do FM. Existem várias pesquisas que mostram que o uso desses dados amplia o engajamento da audiência com o conteúdo da rádio e com suas respectivas mensagens publicitárias, tornando-se uma ferramenta importante para as emissoras em suas atividades comerciais.

Tudo isso também se aplica aos metadados, que não são exclusivos das plataformas de streaming musicais. O tudoradio.com já abordou isso diversas vezes. Tratam-se dos dados em texto e imagem carregados diretamente no streaming de áudio das emissoras. A lógica é rigorosamente a mesma do RDS em sua forma de apresentação nos dispositivos. Mais ainda: esse serviço atinge uma ampla gama de dispositivos conectados, desde celulares até caixas de som inteligentes. Ou seja, é outro ponto fundamental para auxiliar o rádio a se mostrar tão tecnológico e moderno quanto qualquer outra plataforma de mídia.

É claro que cartilhas de qualidade sonora (outro ponto afetado pela evolução dos receptores e dos dispositivos conectados), sinal de qualidade (para o dial), estabilidade de conexão (para o streaming), entre outros aspectos, são elementos cuja importância nem precisa ser debatida. Pois o RDS e os metadados são as vitrines e complementos em texto/imagem que enriquecem essa experiência positiva em áudio, que, naturalmente, tem como base o conteúdo relevante e de qualidade.

Em um ecossistema de intensa evolução e disputa pelo tempo das pessoas, todos os detalhes contam.

Fonte: Tudo Rádio
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