
A verdade em destaque
Por Christina Gadret
Presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e TV do RS
Uma mentira repetida inúmeras vezes torna-se verdade. Ouvimos essa frase durante toda a nossa vida, mas jamais pensaríamos que ela iria ser uma tônica do jornalismo atual. Vivemos uma enxurrada de informações diárias e, com tantas notícias, muitas mentiras passam como verdades e utilizam da credibilidade jornalística para se disseminar.
Alguns dos sites mais famosos de propagação de Fake News utilizam layouts, estilo de escrita e modelo de notícias semelhantes aos dos grandes portais jornalísticos do nosso país. Tal fato torna quase imperceptível aos olhos, cansados desta enxurrada de informação cotidiana, a diferença entre as notícias falsas e as reais. Segundo uma pesquisa realizada pela empresa russa Kaspersky, foi apontado que 62% dos brasileiros não sabem identificar uma Fake News. A mesma pesquisa ainda revelou que 70% dos latino-americanos não conseguem diferenciar se uma notícia é verdade ou não.
Contudo, o jornalismo sério luta a todo vapor para combater a propagação de mentiras disfarçadas de notícias. Existem empresas voltadas para a checagem em tempo real da veracidade de informações que circulam na internet. Mas o volume de mensagens falsas é tão grande que a checagem quase não gera efeito. É semelhante ao ato de enxugar gelo. Além da credibilidade jornalística fragilizada esta onda de inverdade gera perigos ainda maiores. A pesquisa realizada pela Kaspersky revela, ainda, que os brasileiros têm consciência dos males da mentira.
Portanto, combater esta situação é uma tarefa árdua e que não será solucionada de um dia para o outro. Mas as empresas de comunicação, veículos midiáticos, sindicatos e o próprio consumidor final precisam atentar-se não somente em desmentir as Fake News, mas em propagar a verdade. No lugar de compartilhar algo dizendo que a notícia é mentira, compartilhar mostrando a verdade, exaltando-a. Expor o correto, por vezes, é melhor que denunciar a mentira.